Piaget e a Criança Favelada

Assim, na perspectivas da diferença cultural, não existe uma única linguagem ou cultura padrão à qual estão subordinadas outras culturas inferiores; existem, pelo contrário, várias linguagens e culturas diferentes que não são passiveis de hierarquização..

O mérito dessa teoria está em questionar a existência de modelos culturais, pertencentes a outras classes sociais, a partir das quais se quer diagnosticar as capacidades lingüísticas das crianças pobres. Neste sentido, determinar e valorizar a especificidade da cultura, na qual essas crianças se inserem, torna se válido. Entretanto, esquecer os efeitos negativos da condição da opressão e da miséria e postular, somente, a "diferença" torna-se, para dizer o menos, controvertido.

Esta teoria traz questões como o seu ponto de partida. A teoria centra-se nos elementos e conteúdos culturais das classes pobres e não no sistema de relações sociais que poderiam promover ou limitar as trocas cognitivas. É lógico pensar que, no limitado campo da noção de cultura como produto e conteúdo, a noção de progresso, enquanto relações de maior ou menor complexidade seja considerada como uma questão ideológica e não uma questão teórica.

A teoria da diferença cultural, ao postular a existência de competências lingüísticas e cognitivas, junto às crianças pobres, não explica o modo da sua formação nem mesmo especifica o nível de organização eventualmente alcançado. Sabemos hoje, que a criança possui uma competência lingüística bem…