Adeus a Manzanar: Mas n?ao hibridismo cultural

Publicado em 27/08/2010

Dez

A cabana do reservatório: um caso à parte

Meu cunhado Kaz era chefe de uma unidade de manutenção de reservatórios, o único grupo autorizado a trabalhar ou sair dos limites do campo na noite do motim. No portão dos fundos lhes foram entregues quatro cabos de picareta, para que pudessem se proteger em caso de que os caçadores de inu achassem que eles estavam cooperando num momento como aquele.
Eles foram para fora do campo, verificaram o galpão de cloro, percorreram todo o perímetro e então se agruparam em um cabana que havia sido preparada com quatro camas dobráveis. Parecia uma vigília de bombeiros. Cada grupo passava vinte e quatro horas a postos, fazendo controles periódicos, limpando os escombros, fazendo o que fosse necessário para manter a água disponível no campo.
A cabana tinha apenas uma janela, mas quando eles desligaram a luz e arrumaram as camas, mal se podia ver o seu contorno, de tão escura que era a noite. Kaz ficou lá deitado, tentando encontrar a linha que separava o escuro de dentro e o escuro de fora, e pensou que havia visto alguma coisa cruzar pela janela, mas achou que era só sua imaginação e fechou os olhos.
Logo depois a porta se abriu de repente. Uma lanterna o cegou. Sentiu a ponta do cano de uma arma contra a sua bochecha.
Alguém gritou:
Vamos lá, Japas, todos contra a parede!
Ele saltou da cama e viu quatro policiais com submetralhadoras, um sargento e três soldados rasos. Enquanto Kaz se voltava para a parede para unir-se ao seu grupo, aquele cano da arma permaneceu achatado contra seu rosto. Os policiais continuaram gritando:
Vamos lá Japas, andem logo. Andem logo!
Kaz finalmente recuperou sua voz:
Ei! Qual é o problema de vocês?
O sargento no comando arregalou os olhos,…

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