Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão

Publicado em 10/10/2006

Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão


Em sua obra, Michel Foucalt começa chocando seus leitores, com a dramática condenação de Damiens, que por ter tentado contra a vida do rei, sofreu uma das punições mais bárbaras da história. Além da pena cruel, a execução cheia de contratempos, a qual resultou inclusive na posterior punição de seu carrasco, fez com que  sua  morte se tornasse exemplo dos suplícios infligidos no século XVIII.

Foucault define os suplícios, perpetuados legalmente até meados do século XIX, como "pena de mil mortes" (Foucalt, 1987, p. 15), com seus esquartejamentos, apedrejamentos, mutilações, torturas inimagináveis, dor e sofrimento. O suplício sempre teve como objetivo principal o corpo do condenado, com técnicas quase sempre desproporcionais ao delito, destinadas muito mais a satisfazer o desejo do público por vingança do que fazer justiça. Aos poucos, a execução pública vai deixando de ser um espetáculo e incorporando novas concepções contrarias a isso.

A partir do século XVIII, o castigo passou de uma arte de sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos, ou seja, penas isentas de dor física, mas com conotações psicológicas muito fortes, para atingir nele algo mais profundo, sua alma. Assim, o corpo é colocado num sistema de coação e de privação, de obrigações e de interdições. A severidade da pena é substituída pela justiça da pena, inicialmente, pena de prisão e multa. Porém, castigos como trabalhos forçados ou prisão nunca funcionaram sem certos…

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