Religião segundo a Psicanálise

A estabilidade social do homem depende relativamente pouco do uso da força externa. Depende, em sua maior parte de se encontrarem os homens numa condição psíquica que os prenda intimamente a uma situação social existente. É necessário um mínimo de satisfação das necessidades naturais e culturais instintivas. Para a submissão psíquica das massas algo mais é necessário, algo ligado à estratificação estrutural peculiar da sociedade em classes.

Segundo Freud, a impotência do homem frente a natureza é uma repetição da situação em que o adulto viu quando criança, quando não podia passar sem a ajuda contra forças superiores e estranhas, e quando seus impulsos vitais, seguindo as inclinações narcisistas se prendiam primeiro aos objetos que lhe proporcionavam proteção e satisfação, ou seja, a mãe e o pai. Na medida em que a sociedade é impotente em relação a natureza, a situação psíquica da infância se repete para o membro individual da sociedade, quando adulto. Transfere do pai ou da mãe um pouco do seu amor e medo infantis, e também um pouco de sua hostilidade para uma figura da imaginação, para Deus.

Na estratificação social repete-se a situação infantil para o indivíduo. Ele vê nos governantes os poderosos, os fortes e os sábios, pessoas a serem reverenciadas. Acredita que tais pessoas lhe desejam bem, que resistir a elas representa, sempre, um castigo, fica satisfeito quando, pela docilidade, lhes conquista louvores. São sentimentos idênticos aos que, quando criança, experimentava pelo pai, sendo compreensível que se dispunha a…