Vingança do Além…

Cristal lançou-lhe um demorado olhar.

Acompanhado do amigo, Felipe encaminhou-se para sua casa, não se atrevendo contar a sua esposa o que se passara entre ele e Cristal. Durante toda a jornada, pensou nela, estava confuso; sabia, porém, que ansiava por revê-la. Alegando ao amigo que tinha assuntos a resolver nas vizinhanças, disse-lhe que continuasse sozinho. O que cristal havia lhe contado - que sua esposa era um espectro - era fantástico; ele estava perturbado e hesitava em regressar ao lar.

Lembrou-se, então, das diversas ocasiões em que Thayna demonstrara surpreendente habilidade para ler-lhe os pensamentos. Certa vez, estava ele escrevendo uma carta e, não encontrando nenhum envelope na gaveta da escrivaninha, ia chamar a criada, quando deparou com a esposa ao lado da mesa, estendendo-lhe um envelope. Lembrou-se também de que, outra vez, pensava em sair à rua depois das aulas, coisa que raramente fazia. Chovia. Exatamente às cinco e meia, sua esposa trouxe um guarda-chuva, deixando-o encostado à parede. Ele a olhou surpreso.

Vai sair, não vai ? - perguntou ela, ao sair do aposento.

Tais acontecimentos poderiam ter sido fortuitos, mas quanto mais neles pensava, mais apavorado se sentia. Recordou-se de como ela não lhe permitia pronunciar as palavras diabo ou fantasma em casa; de como, tanto ela quanto a criada eram dotadas de habilidades estranhas para localizar coisas no escuro.

Decidiu-se a procurar Madame Frida, a fim de descobrir o passado de Thayna. Quando chegou à casa da casamenteira, encontrou a porta selada com um édito oficial, no qual se liam estas palavras: "O coração humano é como ferro; a Lei Constitucional é como fogo." Colheu informações com vizinhos e soube que Madame Frida havia sido enforcada, seis meses…