Vingança do Além…

- Assim é melhor.

Ela o corrigia pela décima vez. Não lhe consentia dizer " com que diabos," e sentir-se-ia ofendida se o fizesse.

A princípio, Felipe estranhou a intimidade entre a patroa e a criada, e ficava cheio de suspeitas quando as via sussurrando entre si. Mas sempre acontecia que a conspiração era a seu favor. Pareciam estar sempre ocupadas em inventar novos pratos, e faziam-lhe alvos e delicados bolinhos, recheados com banana, para o desjejum. E, prenda ainda mais rara, confinando com o inacreditável: Thayna podia antecipar-lhes os desejos e fazer coisas para ele sem ser solicitada, como se lhe pudesse ler seus pensamentos. Quando Felipe se lembrava dos dias de solteiro, em que, sobraçando um cesta, ia ao mercado, de manhã, punha-se a rir.

Certo dia, contudo, um mês depois do casamento, quando voltou da escola, encontrou a mulher em prantos. Esforçou-se por consolá-la, e perguntou-lhe que fizera para desagradá-la.

- Não é nada contigo - respondeu Thayna.

- É com outra pessoa ?

Como não conseguisse arrancar nada da esposa interrogou Fanny, que embora

parecesse saber, nada quis dizer-lhe.

Dois dias depois, ao chegar da rua pouco antes do jantar, ouviu a mulher gritando do em voz alta:

- Fora daqui, fora daqui !

Apressou-se a entrar, e encontrou-a sufocando de raiva. O cabelo caíra-lhe sobre a fronte e havia um ligeiro arranhão em sua face. Fanny estava a seu lado ofegante como a patroa.

- Quem estava aqui ? - perguntou ele.

- Alguém... Alguém andou me incomodando - disse-lhe Thayna, com relutância.

O marido não encontrou ninguém na casa, nem mesmo uma sombra. Havia uma…