Sexo e PanAmérica

Finalizando, observemos no texto acima o mal estar com que o narrador narrou a decomposição geral. A escrita repete incessantemente os mesmos procedimentos, nunca muda do "eu" para uma outra pessoa, não passa, como Roland Barthes em sua autobiografia, da primeira para segunda pessoa do singular ou para a primeira do plural. Esse eu seria o único elo entre as diversas passagens, que falam ao mesmo tempo de uma superprodução hollywoodiana sendo rodada e de um processo revolucionário abortado na América do Sul. Não nada que se assemelhe a uma totalização que permita concatenar esses dois mundos. O fato é que, embora a atenção de toda epopéia esteja focalizada no centro cultural capitalista, evidenciou-se nesta epopéia a tensão entre o Império e as margens, entre o mundo desenvolvido e o terceiro mundo.

Se considerarmos que PanAmérica obtêm sucesso ao observar essa tensão, que caracteriza o mundo contemporâneo, o texto levaria adiante, ao mesmo tempo, fragmentos da consciência social de um artista no mundo subdesenvolvido (a consciência do que está acontecendo no mundo inteiro vindo à cabeça simultaneamente) e uma estética típica do centro cultural capitalista, surgida nos anos 60 e tendo como seu maior representante o pintor Andy Warhol. As repetições presentes na literatura de Agrippino remeteria àquelas presentes nos quadros de Warhol: