Obras Literárias da Primeira e Segunda Fase do Modernismo

Os meus amores são flores feitas de original...

Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e ouro...

Luz e bruma... Forno e inverno morno...

Elegâncias sutis sem escândalo, sem ciúmes...

Perfumes de Paris... Arys!

Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal!"

Assim se abre Paulicéia Desvairada, dando-nos num só impacto, a visão simultânea e aparentemente caótica da grande presença na poesia marioandradina: São Paulo (uma visão abrangente, onde todos os sentidos são estimulados: visão, audição, olfato, tacto, etc.). Já nesse poema de abertura se revela a presença da consciência histórica do poeta e sua natural visão ordenadora do mundo, apesar da aparente desordenação em que a realidade objetiva revela.

Temos aí a fixação do Momento e da Atualidade, embora no último verso já estabeleça uma clara ligação como o Tempo e a História.

Essa presença constante (São Paulo – sua terra, sua gente, suas coisas...) que fecha a poesia marioandradiana no "horizonte do precário" e do circunstancial, e que se coloca face a face com a exigência interior do poeta (a aspirar por infinitos horizontes que transpusessem o visível, o mutável e o perecível...) provoca o jogo pendular: objetivo x subjetivo.

3.2 – Temática:

Nesta obra Mário de Andrade poetiza São Paulo em suas múltiplas manifestações: o progresso, a transformação da paisagem, o já visível domínio econômico dos imigrantes sobre as tradicionais famílias da burguesia cafeicultora, os habitantes do subúrbio,…