O Caipira e a Construção da Nacionalidade: Diversas Faces do Jeca Tatu

É claro que devemos atentar para o fato de ser essa caracterização do caipira não apenas fruto de uma visão conservadora de um fazendeiro decadente, mas também de uma vontade de se lançar no "mercado literário" quebrando com uma tradição literária que vinha da escola de José de Alencar e Gonçalves Dias. Daí o cunho meramente literário (e relativamente rebuscado) que imprime aos textos dessa época. É uma caracterização do caboclo dum ponto de vista alheio à sua realidade e de maneira conservadora e classista.

Quando uma segunda alegorização101 é criada, já em 1924, Lobato passa a ver o caipira não como elemento desestruturador e de debilitação, na medida em que improdutivo para as estruturas desta vez com o nome de Jeca Tatu: a ressurreição. nacionais, mas como fruto do meio social no qual estava inserido. Ou seja, o caipira, nesta sua segunda reaparição, desta vez como personagem principal do enredo, é visto sob uma outra ótica — muito mais social — que o põe como vítima de um meio social e político, elitista e excludente.

É a pré-consciência — oriunda, de certa forma, de concepções também adotadas pela escola modernista — da função da posição do intelectual…