O Caipira e a Construção da Nacionalidade: Diversas Faces do Jeca Tatu

Vale ressaltar, antes de encerrar este capítulo, que, a não ser em pequenos trechos como este em que o caipira "emite opinião", o Jeca é novamente uma marionete na pena do escritor. As poucas vezes em que fala algo, é por intermédio do narrador e não "por vontade própria" da personagem.

A própria construção da personagem Jeca já está pré-estabelecida e concebida por aquele que nos conta a história. O detalhamento é tamanho que não abre alternativas para se discutir a fisionomia do caboclo e a procedência das informações. Até a linguagem, externa à realidade e LOBATO, Monteiro. Jeca Tatu: a ressurreição. Op.cit., p.173. modo de pensar do caboclo, por ser em norma culta urbana e de caráter didático, nos impossibilita pensar a realidade de outra forma. Todavia, como se pôde observar, a visão agora é de conciliação com o caipira — visão influenciada por tendências literárias atuais e não mais por "estudos" acerca da mestiçagem brasileira, nem de visões sociológicas equivocadas — e com o seu mundo, embora não, ainda, com o seu modo de pensar, de viver e de se relacionar75.

Apesar de toda essa alteração no conteúdo da obra, o que a fez assumir as proporções de divulgação que teve, e a consciente consolidação da identidade do caipira brasileiro, foi a sua adoção, em 1927, pelo almanaque do Biotônico Fontoura como…