Machado de Assis e a Questão da Identidade Nacional

Não existe boa literatura sem uma boa crítica, e essa é a principal carência da literatura feita no Brasil, na opinião do autor; pois sem uma crítica eficiente e constante não se constituem os critérios que definem aquilo que seria a literatura nacional. A importância atribuída à atividade crítica não é novidade nos textos de Machado. Em "O ideal do crítico", artigo de 1865, ele afirma que a crítica orienta a produção literária "as musas, privadas de um farol seguro, correm o risco de naufragar nos mares sempre desconhecidos da publicidade" (p.798). Em vários pontos do artigo reforça a idéia do crítico ideal como um intelectual, quase um cientista: "a crítica, desamparada pelos esclarecidos é exercida pelos incompetentes"(p.798) "estabelecei uma crítica pensadora"; "o crítico atualmente aceito não prima pela ciência literária" (p.798); "crítica é análise" (p.799).

Resumindo as opiniões de Machado sobre a atividade crítica, Tristão de Ataíde relaciona quatro características fundamentais ao crítico: bom gosto, sensibilidade receptiva, cultura e análise (p.779). Pelo menos as duas últimas características podem ser desenvolvidas com o estudo, pode-se dizer que são características necessárias ao desenvolvimento de todas as chamadas "ciências humanas". Raciocinando-se no sentido inverso, pode-se deduzir que o desenvolvimento das outras áreas do conhecimento, especificamente das humanidades, poderia colaborar para a atividade crítica, e, essa, conseqüentemente, colaboraria com o desenvolvimento da literatura. Levando em consideração essas…