A História da Língua Portuguesa

Nos verbos, é que melhor podemos apreciar a ação da analogia, por causa da riqueza de flexões que carcteriza esta classe de palavras.

Desde o latim se nos deparem freqüentemente criações analógicas nas formas verbais. Assim, os verbos da 3.ª conjugação passaram todos para a 2.ª, por analogia, no latim vulgar da Península Ibérica.

Posse, que se apresenta ao espírito do povo romano como um infinito anômalo, transformou-se por analogia em potere, donde o nosso poder. Fato idêntico se deu com velle, que se tornou por analogia *volvere, que explica o francês voulior, o italiano volere, o provençal voler.

No antigo português, os verbos mentir, sentir, arder, oriundos respectivamente do latim mentire por mentire, sentire, ardere, tinham, na 1.ª pessoa do indicativo e em todas as pessoas do subjuntivo, um –ç-, resultante de evolução natural do latim –ti e –de+vogal: menço<mentio, mença<mentiam, menças<mentias, mença<mential, etc.; senço<sentio, sença<sentiam, senças<sentias, sença<sential, etc.; arço<ardeo, arça<ardeam, arças<ardeas, arça<ardeal. Depois por analogia com as outras pessoas do indicativo, foi o –ç- substituído por –t- nos dois primeiroos verbos: mento, menta, mentas, menta, etc.; sento, senta, sentas, senta, etc.; por sinto, etc.; explica-se pela influência da semivogal. Somente o verbo medir<metire conservou em tais pessoas o –ç-: meço<metio, meça<metiam, meças<metias, meça<metial, etc.

Os arcaicos beenzer e aduzer apresentavam,…