A emancipação da mulher representada pela obra de Agustina Bessa Luis

Eis Germa, eis a sua vez agora e o tempo de traduzir a voz da sua sibila. Talvez, porém, o seu tempo seja improdutivo e nefasto, e ela fique de facto silenciosa, porque – quem é ela para ser um pouco mais do que Quina e esperar que os tempos novos sejam mais aptos a esclarecer o homem e a trazer-lhe a solução de si próprios? [...] (p.251-252).

E é a um órfão, filho de prostituta, que permite à Sibila externar sua dimensão mais humana, a fragilidade de quem ama o próximo. Custódio passa a ser um contraponto à austeridade (regido de caráter, severo) da casa e, proteger um filho de uma prostituta, provoca uma metamorfose na vida de Quina, pois a partir desse momento ela passa de sujeito a objeto. Custódio consegue abalar toda a estrutura de mulher dura que Quina havia construído, ou seja, ele consegue manipular e mexer com o coração de Quina, ela deixa de ser a personagem de caráter firme, que faz e consegue o que quer para ser apenas um brinquedo nas mãos de uma criança, ele aproveita talvez do instinto materno que toda mulher possui, fonte de cobiça do usurpador. Pela primeira vez, as ações dessa mulher são destituídas de cálculos que visavam ao lucro. “O amor pela criança fizera-se nela tão devastador, tão profundo, que ela não ousava interrogar de frente a sua razão, que outrora era o seu orgulho…