A Crise da Literatura Regionalista:Conceitos e Dissensões

Perguntamo-nos, então, por que tanto interesse do japonês pelo Rio Negro? Ou seria melhor dizer pela Amazônia, pelo Brasil? Para reforçar tal questionamento, podemos nos basear no que disse a pesquisadora a respeito do presente que recebera de Kazuki Kurokawa ao encontrá-lo no aeroporto: “Com reverência, me ofereceu um pequeno estojo com tampa de madeira. Dentro do estojo vi um rolinho de papel-arroz com ideogramas” (HATOUM, 2009, p. 30).Ao mandar traduzir os ideogramas a pesquisadora se deparou com a seguinte mensagem: “No lugar desconhecido habita o desejo” (HATOUM, 2009, p. 30). Encontramos aqui a sugestão de que Manaus não é apenas um local situado no mapa, mas um lugar metafórico, dono de mistérios que inebriam o homem. O desejo de infância do professor de viajar pelo afluente do rio Amazonas –“um sonho antigo, desde a infância: viajar pelo rio Negro. Sua profissão levara-o a terras distantes e, em cada rio que navegava na África e na Ásia, aumentava o desejo” (HATOUM, 2009, p.30) – levou-o a terras distantes, onde navegou em rios da África e da Ásia, mas sempre com o desejo de conhecer o Amazonas. O desejo do japonês habitava o desconhecido, assim como o desejo humano: o conhecer. Em dada passagem, alguém afirma: “aquele Kurokawa não era turista (HATOUM, 2009, p.33), denotando uma diferença entre aquele…