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A CONSTRU!O DO ESPAI PERIF?ICO NA PO?ICA DE LOBIVAR MATOS
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Malícia
Negro trabalha a semana toda
para descansar no domingo.
Anda rasgado, descalço, sujo
e no domingo aparece todo frajola,
dengoso, alinhado
Palheta nova, calça branca e paletó azul.
Negro desce do morro
e vem vindo risonho
porque santinha na esquina sorri também.
E saem de braços, agarradinhos,
fazendo inveja,
pondo água na boca e dando dor de canela.
Vão ao cinema, tomam cerveja
e sentam num banco da praça.
E aí no escuro, unidos, mãos, almas, corpos, tudo,
ficam olhando a lua espantada,
ouvindo o barulho do mar zangado
e sonhando besteiras.
_ Aquele negro vai se aproveitar
de sua fia, Comadre, e depois dá o fora.
_ Esse não, é sério, Comadre.
_ Onde é que se viu homem sério nesse mundo, sinhá!
E o casalzinho na praça
continua olhando a lua espantada
e sonhando besteiras.
_ Minha orelha ta queimando, Santinha!
_ Chi, mau sinal.
Tem gente falando mal de você, Xexéo.
(MATOS, 1936, p.48)
Até o presente momento, através dos poemas de Lobivar Matos percebemos que a presença do negro na literatura brasileira não escapa ao tratamento marginalizado, desde o início de nossa história, marcando a etnia no processo de construção da nossa sociedade. Na trajetória da literatura fica claro o posicionamento do poeta sul matogrossense o qual realizou uma literatura onde demonstra a…
Negro trabalha a semana toda
para descansar no domingo.
Anda rasgado, descalço, sujo
e no domingo aparece todo frajola,
dengoso, alinhado
Palheta nova, calça branca e paletó azul.
Negro desce do morro
e vem vindo risonho
porque santinha na esquina sorri também.
E saem de braços, agarradinhos,
fazendo inveja,
pondo água na boca e dando dor de canela.
Vão ao cinema, tomam cerveja
e sentam num banco da praça.
E aí no escuro, unidos, mãos, almas, corpos, tudo,
ficam olhando a lua espantada,
ouvindo o barulho do mar zangado
e sonhando besteiras.
_ Aquele negro vai se aproveitar
de sua fia, Comadre, e depois dá o fora.
_ Esse não, é sério, Comadre.
_ Onde é que se viu homem sério nesse mundo, sinhá!
E o casalzinho na praça
continua olhando a lua espantada
e sonhando besteiras.
_ Minha orelha ta queimando, Santinha!
_ Chi, mau sinal.
Tem gente falando mal de você, Xexéo.
(MATOS, 1936, p.48)
Até o presente momento, através dos poemas de Lobivar Matos percebemos que a presença do negro na literatura brasileira não escapa ao tratamento marginalizado, desde o início de nossa história, marcando a etnia no processo de construção da nossa sociedade. Na trajetória da literatura fica claro o posicionamento do poeta sul matogrossense o qual realizou uma literatura onde demonstra a…
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