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A CONSTRU!O DO ESPAI PERIF?ICO NA PO?ICA DE LOBIVAR MATOS
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3.2 - A Construção do Espaço Periférico na Poética de Lobivar Matos
O estudo da construção do espaço periférico na obra do poeta Lobivar Matos ficou limitado aos quatro seguintes poemas do livro Sarobá: Sarobá, Negrinho Lambido, Beco Sujo e Malícia, os quais serão transcritos na íntegra para logo depois prosseguir à análise.
A respeito do título do seu segundo livro, Lobivar (apud Araújo, 2009, p. 65) esclarece duas significações para a palavra: a primeira usada na Nhecolândia, zona pantaneira pecuária, com o sentido de lugar sujo, onde os caboclos penetram com receio de algum animal e a segunda é o nome do bairro de negros de Corumbá, um lugar também sujo, onde os brancos raramente visitam, repugnados com a miséria e pobreza daquela gente.
Sarobá
Bairro de negros,
negros descalços, camisa riscada,
beiçolas caídas,
cabelo carapinhé;
negras carnudas rebolando as curvas,
bebendo cachaça,
negrinhos sugando as mamas murchas das negras,
negrinhos correndo doidos dentro do mato,
chorando de fome.
Bairro de negros,
casinhas de lata,
água na bica pingando, escorrendo, fazendo lama;
roupa estendida na grama;
esteira suja no chão duro, socado.
Lampião de querosene piscando no escuro;
negra abandonada na esteira tossindo
e batuque chiando no terreiro;
negra tuberculosa escarrando sangue,
afogando a tosse seca no eco de uma voz mole
que se arrasta a custo
pelo ar parado.
Bairro de…
O estudo da construção do espaço periférico na obra do poeta Lobivar Matos ficou limitado aos quatro seguintes poemas do livro Sarobá: Sarobá, Negrinho Lambido, Beco Sujo e Malícia, os quais serão transcritos na íntegra para logo depois prosseguir à análise.
A respeito do título do seu segundo livro, Lobivar (apud Araújo, 2009, p. 65) esclarece duas significações para a palavra: a primeira usada na Nhecolândia, zona pantaneira pecuária, com o sentido de lugar sujo, onde os caboclos penetram com receio de algum animal e a segunda é o nome do bairro de negros de Corumbá, um lugar também sujo, onde os brancos raramente visitam, repugnados com a miséria e pobreza daquela gente.
Sarobá
Bairro de negros,
negros descalços, camisa riscada,
beiçolas caídas,
cabelo carapinhé;
negras carnudas rebolando as curvas,
bebendo cachaça,
negrinhos sugando as mamas murchas das negras,
negrinhos correndo doidos dentro do mato,
chorando de fome.
Bairro de negros,
casinhas de lata,
água na bica pingando, escorrendo, fazendo lama;
roupa estendida na grama;
esteira suja no chão duro, socado.
Lampião de querosene piscando no escuro;
negra abandonada na esteira tossindo
e batuque chiando no terreiro;
negra tuberculosa escarrando sangue,
afogando a tosse seca no eco de uma voz mole
que se arrasta a custo
pelo ar parado.
Bairro de…
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