O Mundo Feminino no Brasil Colônia

"Silvio Romero, recordando seu tempo de menino num engenho do Norte, disse uma vez que nunca viu rezar tanto quanto a escrava Antônia, sua mãe negra. Ela é que o fizera religioso(...) Outros brasileiros, da geração de Sílvio, poderiam dizer o mesmo. O próprio Joaquim Nabuco terá porventura aprendido com a sua velha ama negra de Maçagana o padre-nosso que, no fim da vida, voltou a rezar na Igreja do Oratório em Londres".(Freyre, 1963:395)

A dominação do homem europeu sobre o negro encontrou fundamentação ideológica na Igreja, pois o clero português apoiou as investidas contra os povos africanos e, até mesmo vários papas escreveram cartas dando seu consentimento ao reino português para efetivar a escravidão.

A Bíblia foi para o povo negro muito mais uma inimiga do que uma aliada, significando uma ferida por ter sido usada com instrumento de legitimação de dominação, escravidão e racismo. Foi utilizada para justificar o poder dos senhores que tinham sua liberdade sustentada pelo trabalho escravo. Esse poder procurou extinguir a liberdade, a dignidade, a identidade do povo negro e a fé.

A mulher negra sempre foi usada como objeto sexual pelos detentores desse poder. E a Igreja afirmava que a escrava induzia muito mais ao pecado do que qualquer outra mulher.

Numa sociedade essencialmente machista, a mulher era discriminada pelo simples fato de ser mulher, e a negra a agravante de ser escrava.

Sexualidade

A mulher escrava era submetida a diversas modalidades de abusos (sexuais, masoquistas) desde a sua infância. A criança escrava era tratada como se fosse um brinquedo, sofrendo todas as maldades possíveis e imagináveis…