Literatura, Moda e Lemas no Contexto da Ditadura Militar

Literatura, Moda e Lemas no Contexto da Ditadura Militar

INTRODUÇÃO

A partir da proposta das Reformas de Base (defendidas abertamente no Comício na Central do Brasil em 13 de março de 1964), João Goulart procurou implementar mudanças tributárias, educacionais e agrárias, visando atenuar a desigualdade econômica e social. Para tanto, tomou medidas que contrariaram profundamente os interesses de grupos da elite, como a concessão de subsídios diretos à indústria nacional, além da restrição à movimentação do capital estrangeiro; o Congresso em sua maioria conservadora mostrava-se disposto a bloquear os projetos de reforma. Aliado a tudo isso existia por parte de setores fortes da Igreja Católica e por grande parte da sociedade (principalmente a paulista) o medo do comunismo, que durante quase meio século, esteve associado ao medo da "perda da propriedade", da "perda da liberdade", da "dissolução da moral e dos bons costumes", do "ateísmo", dentre outros que a propaganda dos ideólogos do golpe evocavam. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade (reuniu em São Paulo cerca de 200 mil pessoas), organizada por setores da Igreja Católica, constitui uma demonstração significativa do tipo de convergência que se estabeleceu entre temores distintos, nivelados pela ameaça de um "inimigo insidioso" que poderia ser visto em quaisquer das manifestações menos enquadráveis nos modelos aprovados. Então na noite do dia 31 de março de 1964 veio a tona o golpe tramado pela alta cúpula militar, com apoio de setores da sociedade e simpatia oculta do governo norte-americano, o golpe foi fruto de uma série de episódios que,…