A Mulher na Idade Média

Em um estudo a respeito dos marginalizados no Ocidente Medieval, o importante medievalista francês Jacques Lê Goff incluiu as mulheres na categoria dos "desprezados", quer dizer, daquelas pessoas até certo ponto integradas, mas mal aceitas ou vítimas de preconceitos. Com efeito, não se pode afirmar que tenham sido marginalizadas. Sendo responsáveis pela reprodução biológica da família, encontravam-se enquadradas em seus respectivos grupos sociais, desempenhando seu papel na reprodução da ordem social. Não obstante, eram menosprezadas.

Não tendo sido marginalizadas ou segregadas em razão do sexo, algumas o foram por pertencerem a grupos mal enquadrados ou rechaçados em bloco pela sociedade dominante, como os judeus, os muçulmanos e os hereges, de ambos os sexos, assim como os portadores de certas doenças (leprosos), os que apresentavam comportamentos anormais (suicidas, loucos) e aqueles considerados estrangeiros (mendigos e errantes) na comunidade, sempre malvistos e postos à margem.

Quanto ao momento a partir do qual se pode falar em um processo de exclusão de minorias, os historiadores têm apontado o século XIII como o divisor de águas da história do ostracismo medieval. Os representantes da Igreja Católica e dos governos municipais definiram, classificaram e tomaram medidas de exclusão contra diversas categorias de pessoas consideradas perniciosas para a Cristandade, entre as quais as hereges, as bruxas…