A Mulher na Idade Média

Quando o valor do dote colocava em perigo a estabilidade do patrimônio familiar, a fim de diminuir o número de prováveis casamentos, os pais ou os chefes da casa enviavam as jovens aos mosteiros para que se tornassem freiras. O número de estabelecimentos religiosos femininos cresceu no fim do século XII. A diminuição de solteiras aptas ao matrimônio protegia os bens, já que não haveria necessidade de dotá-las para o casamento. Era mais barato dotá-las para "a união mística com Cristo". Assim, de todos os lados, os processos de transmissão de bens determinaram o destino das mulheres da aristocracia.

Na relação conjugal, reproduziam-se as formas de poder das relações feudo-vassálicas. As expressões de amor ou afeto não eram consideradas importantes nas uniões. A concepção ético-social do amor não se identificava com os compromissos e juramentos constantes nessa forma de casamento. A própria mulher se dirigia ao marido empregando a palavra "sênior"; transpunha dessa maneira a ética das relações sociais próprias do feudalismo para o quadro mais restrito e íntimo do meio doméstico.

 

2.3 - Casamento e Sacramento

O ato do casamento aristocrático era doméstico, privado. A aliança dos cônjuges estabelecia um pacto entre duas famílias, de modo que os interesses da linhagem sobrepunham-se aos pessoais. A continuidade dessa linhagem era…