O Existencialismo Ateu de Jean Paul Sartre

A defesa sartriana de um homem amplamente livre se coaduna, igualmente, com a alegada inexistência de Deus. A ausência de um ser criador e, conseqüentemente, manipulador do homem colide frontalmente com a noção de que este seja cerceado de qualquer modo; o homem, então, é livre já que Deus não existe, pois se existisse, limitaria, fatalmente, a liberdade humana.

É possível perceber, pois, que as idéias de Sartre encontram profunda coerência se tomadas em face do seu pressuposto negador da existência de Deus. No entanto, o citado filósofo não nega a inexistência de um ente superior de maneira dogmática, isto é, não se toma tal assertiva como uma verdade incontestável da qual se parte para a devida construção da obra. Na verdade, ao contrário do que faz a maioria daqueles que defendem a existência de Deus, ao estabelecerem isso como ponto de partida, Sartre o nega através de argumentos, de modo a tentar provar, pelo menos, a indemonstrabilidade da existência divina.

Negar a existência de Deus traz uma vasta quantidade de implicações à condição humana, pois, com a ausência da crença num deus, as questões éticas devem ser determinadas em função dos objetivos e preocupações humanas, posto que não são pré-determinadas, cabendo a nós assumir a responsabilidade total pelo nosso destino.

Quais seriam e como se fundamentariam os argumentos sartreanos negadores de Deus? Essa inquietação é que se pretende comentar no presente capítulo, acrescentando-se algumas conexões imprescindíveis com outras concepções da doutrina de…