O Existencialismo Ateu de Jean Paul Sartre

Outro ponto central do existencialismo ateu de Sartre concerne à questão da moral. O grande filósofo faz uma interessante comparação entre a criatividade artística e a "criação" moral, numa relação entre moral e estética. O artista, diz Sartre, cria sem regras a priori, não podendo ser o quadro algo diferente daquilo que realmente o é ao final do processo criativo. Em relação à moral, ocorre basicamente o mesmo, pois ela, também, é inventada a cada momento de escolha; não cabe, portanto, julgá-la, já que a moral é criada, no caso concreto, simultaneamente à própria decisão, de forma que não tem sentido compará-la a qualquer outra posição, pois só existe, de fato, aquilo que adveio da ação, ou talvez até da omissão, escolhida. Segue um exemplo, com o fim de tornar mais fácil a compreensão dessa temática.

Suponha-se que uma mulher desempregada e totalmente sem perspectivas em relação ao futuro, em companhia de sua filhinha de colo, encontre uma pessoa qualquer, rica e extremamente carinhosa, cujo maior sonho seja adotar uma criança e criá-la com todos os mimos e cuidados possíveis. A mulher de boa condição financeira, então, ao perceber a dificuldade da outra para a criação de sua filha, com o objetivo de realizar seu grande sonho e, ao mesmo tempo, ajudar a pobre senhora, oferece grande quantia à mãe da criança, para que esta pudesse sustentar-se por um tempo, exigindo ,em troca, a guarda da criança, da qual cuidaria com todo o amor.

Defronte tal situação, qual seria, para Sartre, a escolha a ser tomada: entregar ou…