Noel Rosa

O único irmão, quatro anos mais novo, logo revela a epilepsia por trás de um comportameto excêntrico e irritadiço. Em termos de excentricidade o pai não fica atrás: chegou a pagar ao banco uma dívida sem sentido, esquecida pelos próprios banqueiros, preocupado com sua honra. Mais tarde teria a mania de inventor, sem grande sucesso. Seu humor também era variável, e a família era submetida a altos e baixos financeiros que fizeram com que Noel abominasse o dinheiro. Aliás na infância foram se formando outros ódios particulares: Noel não suportava prestamistas e seu dinheiro, vizinhos e seus mexericos, garis e gente servil como mendigos, leiteiros e policiais.

Se essas eram suas birras (que não passariam incólumes em sua vida adulta e em suas letras), seus gostos recaíam sobre brincadeiras obscenas - sua iniciação sexual foi precoce -, o deboche, a irreverência dos duplos sentidos, o cigarro, os burros - não gostava de gente servil, mas adorava os burros de carga - , a rua... Estuda no Colégio de São Bento - um aluno medíocre, vivendo entre gazetas e exclusões. O "Mamão", um jornal estudantil feito a mão, veiculado secretamente entre os alunos, é o seu maior interesse escolar: ele fora o criador e principal redator. Aos catorze anos já freqüenta lugares e fala de prazeres inacessíveis à maioria de seus colegas de colégio: fumar, beber cerveja, conversar em bares... E outras traquinagens…