Da Produção da Notícia a Análise da Dramaturgia do Programa – Linha Direta

O programa Linha Direta estreou na Rede Globo de Televisão no ano de 1999. Na época a emissora veiculou campanhas com o intuito de promover a diminuição da violência no Brasil. No ano anterior, o jornalista Marcelo Rezende entrevistou o criminoso que ficou conhecido como o "Maníaco do Parque". O maníaco foi julgado e condenado após cometer uma série de estupros que foram noticiados naquele ano pela mídia. O programa jornalístico semanal Fantástico apresentou uma reportagem com declarações do criminoso, da família dele e da família das vítimas. No entanto, a abordagem jornalística apresentada em questão não foi de bom tom, uma vez que a matéria retratava os crimes de forma macabra e apelativa⁷⁴. Para tentar contornar a situação, a emissora lançou mão do projeto de um programa fundamentado na espetacularização da audiência: Linha Direta. Na televisão brasileira, outros programas no mesmo molde já foram apresentados em outras emissoras como: "Aqui e Agora", "Cidade Alerta", "Repórter Cidadão" e na "Rota do Crime".

O programa Linha Direta também buscou elementos para consolidar a temática da violência que permeia as narrativas apresentadas a cada edição. No caso "Matou para não pagar", por exemplo, o programa aborda o assassinato de uma doméstica. Um empresário, que era casado e tinha dois filhos mantinha um romance às escondidas até ser descoberto pela esposa, que era contra o romance. A doméstica engravidou e exigiu pensão de paternidade. O empresário pagou somente da primeira vez, mas a ameaçou de morte. Ela tentou receber a…