Mozart – A sociologia de um gênio

MOZART

A sociologia de um Gênio

Norbert Elias

A mais recente obra que tive o prazer de degustar foi a de Norbert Elias: Mozart. Obra riquíssima em conceitos e vivencias que elucidam as peripécias e as contradições internas de um dos maiores gênios de nossos tempos. Retrata de maneira realista, e um tanto cruel, a luta de um individuo contra uma sociedade estática e fundamentada em modo de vida que primava o hedonismo como virtude maior do que a do próprio ato de criação. Uma narrativa lúcida e sem heroísmos que retrata a derrocada, e posterior ascensão de um homem que fez de sua vida um exemplo de autonomia e arrogância; individualismo e prepotência; apreço e desprezo; poder e submissão; amor e ódio...

Mas afinal o que um gênio é se não um homem no qual as contradições são tão intensas que extrapolam o ser e fluem como uma torrente insana e implacável em direção a uma sociedade que o submete e mascara tais contradições? Ora todo o homem é uma contradição ambulante, e Mozart nada mais fez do que conviver naturalmente com as suas a ponto de acreditar que a ordem social estava equivocada e que deveria, e iria mudar, após se curvar a sua música. O individuo Mozart lutou bravamente para provar que sua música era, técnica e artisticamente, superior a de seus contemporâneos, no entanto seu "individualismo individual" (o conceito procede) excedeu-se em demasia mesclando-se com uma espécie de egocentrismo exacerbado que terminou por voltar-se contra o próprio Mozart. Tais qualidades (louváveis no mais…