Presença de ícones cristãos nos cultos afro brasileiros

Viva El Rey!

Com a chegada da Corte Portuguesa a Colônia ocorreu uma inversão de valores. A sociedade viu-se comprometida com a necessidade de um maior refinamento e o conceito de se suprir a metrópole foi ficando um tanto de lado. Nessas décadas em busca de aprimoramento o escravocrata viu-se obrigado a procurar mão de obra mais qualificada no sentido de atender a burguesia aqui instalada. Isso obrigou-o a capturar negros de outras regiões e coincide com o declínio do Império Yoruba. As terras sob domínio dos yorubas estendiam-se por quase toda África Ocidental e cerca de quase 70% da África Oriental. Divergências políticas, guerras internas em busca da consolidação do poder de certas etnias ou famílias, um esgotamento natural e previsível do sistema político e ainda, a falência do Estado em conjunto vitimado pelos constantes embates com os conquistadores europeus fragmentaram o antigo e poderoso império em centenas de nações. Cada qual com suas peculiaridades, línguas, culturas e etnias. Uma vez que os yorubas a semelhança dos antigos romanos anexavam territórios, mas não coibiam os cultos lá existentes.
Dentro desse contexto lembro-lhes uma curiosidade da cultura yoruba, depois de vencida a disputa local pelo poder o oba( regente, rei ou príncipe) não matava seu antecessor ou tocava sua família. Infrigia-lhes apenas um castigo: vendia-os aos escravagistas. Notas sobre essa particularidade são encontradas no livro `Fluxo e Refluxo de Escravos Africanos no Brasil do antropólogo francês Pierre Verger.
Os yorubas que aqui aportaram maciçamente nos últimos cem anos de escravidão vão exercer um papel fundamental na construção da religiosidade afro-brasileira. Em especial os grupos oriundos de uma pequena cidade chamada Keto, reduzida, hoje, a uma pequena vila no interior da Nigéria. Deve-se ao povo de Keto o modelo mais conhecido, que goza de maior respeitabilidade, e tido como mais próximo à…