Universalismo Moral e Relativismo Ético

Primeiro, o ‘ponto de partida’ em que nos encontramos é muito ruim, conforme descrito, marcado por desigualdades em todas dimensões (sócioeconômicas, de gênero, étnico-culturais, cognitivas e morais). Segundo, a disseminação do individualismo (como simulacro da autenticidade e da originalidade pressupostos em uma efetiva individualidade ou autonomia), em combinação com a soberania da razão instrumental (que tanto se encaixa com as razões morais relativas ao agente, que via de regra caracterizam as motivações dos sujeitos presos a perspectivas convencionais ou pré-convencionais), enfim, individualismo e razão instrumental articulados, como assinala Taylor, constituem um vetor atomizante poderoso – e, sendo a intersubjetividade crucial para o desenvolvimento moral, a atomização concorre para a heteronomia. Em terceiro está o fato de que todos os dias chegam ao mundo milhares de novos seres humanos em estado de amoralidade, cuja possibilidade de desenvolvimento, demonstraram Piaget e Kohlberg, não é dada pela natural maturação biológica (dos que sobrevivem), mas depende justamente das condições sociais, culturais e institucionais já assinaladas, desfavoráveis – em que pese todo o avanço dos últimos séculos – para a descentração de sua perspectiva egocêntrica, em direção à autonomia moral.

Diante desse cenário de tendências…