Universalismo Moral e Relativismo Ético

Se a prioridade não é decidir do ponto de vista teórico qual o modelo normativo mais razoável, e sim facilitar aos indivíduos que avancem em sua trajetória de desenvolvimento moral em direção à autonomia (com isso permitindo inclusive que melhorem suas competências, entre as muitas recomendáveis para uma participação conseqüente na decisão sobre a melhor alternativa de ordenação institucional, com vistas à sociedade justa), debater publicamente a violência conjugal, o baixo associativismo ou a (in)sustentabilidade sócio-ambiental de formas de bem-viver consumistas – para citarmos alguns valores e condutas bastante difundidos em nossa cultura – é tão importante e necessário quanto a discussão da moralidade de segunda ordem, referente à (falta de) justiça das instituições.

Conforme Taylor adverte (1994b), a obsessão com o formalismo procedimental pode por em risco a própria meta de construção de um universalismo moral, na medida em que sua ênfase em liberdades negativas fomenta um relativismo brando, tolerante inclusive com a apatia política (como demonstra o fenômeno do absenteísmo eleitoral elevado nos EUA).

Em terminologia rawlsiana, podemos afirmar que uma sociedade bem ordenada pelos princípios de justiça – seja em uma concepção estritamente política (Rawls, 1993), seja concebida por uma doutrina mais compreensiva de justiça como equidade (Rawls, 1971) – não é suficiente para garantir sua própria estabilidade do ponto de vista da reprodução…