Universalismo Moral e Relativismo Ético

Por isso, é no marco das democracias constitucionais organizadas para a garantia dos direitos individuais que, paradoxalmente, as identidades coletivas têm mais chances, via articulação política, de alterar o sistema legal e conquistar reconhecimento, obtendo novos direitos e atingindo maior igualdade para os membros de sua comunidade. Como foi visto, o próprio Taylor sucumbe a essa lógica, ao subordinar a prerrogativa que defende para um Estado liberal alternativo – a de dar precedência a demandas coletivas em questões especiais – à observância anterior de direitos individuais básicos.

Essa maior adequação das teorias políticas procedimentalistas para a realização de uma justiça igualitária decorre do fato de que, assentadas em princípios abstratos e formais, estão em sintonia com a natureza do desenvolvimento psicogenético do pensamento cognitivo e da moralidade –caracterizado por processos de abstração e descentração crescentes – e com o ponto culminante dessa trajetória (o pensamento hipotético-dedutivo e a autonomia moral). Ambos garantem ao procedimentalismo os componentes psicológicos e sociais necessários para a realização do universalismo que persegue. Seria uma adequação puramente lógica, coerente por definição ou por mera identidade conceitual, não fossem as evidências empíricas da psicologia genética que demonstram o encaixe possível entre a moralidade pós-convencional e as abstrações exigidas ao sujeito moral – sujeito que as teorias procedimentalistas pressupõem…