Universalismo Moral e Relativismo Ético

Em suma, para os críticos das teorias normativas universalistas, a premissa deontológica kantiana ignora a motivação dos agentes morais, que devem agir não por um fim específico, qualquer que seja, mas por um dever genérico, sustentado por princípios universalizáveis; a premissa cognitivista os suspende da situação particular que enfrentam, exigindo que ajam antes com vistas a uma aprovação universal do que à luz de considerações e conseqüências específicas; e a premissa formalista os retira de seu contexto sócio-cultural, nega validade última a qualquer ética do mundo da vida, buscando a tarefa que seria impossível de que, ainda assim, edifiquem e ossam justificar uma justiça universal.

Habermas responde a estas objeções em duas etapas. Primeiro procura devolver o problema a esses críticos, buscando demonstrar que as alternativas por eles propostas trazem mais dificuldades que soluções; depois trata de acomodar as objeções – que considera embasadas em perspectivas neoaristotélicas – ao marco deontológico em que trabalha. Em resposta a Taylor, Habermas enfoca o problema derivado da abstração formalista das teorias kantianas, afirmando que se quer ser fiel à convicção aristotélica de que o julgamento moral está necessariamente limitado a contextos sócio-culturais determinados, "precisamos estar preparados para renunciar ao potencial emancipatório do universalismo moral", abrindo mão de dirigir críticas morais contundentes a…