Universalismo Moral e Relativismo Ético

Diante desses questionamentos Gilligan abaixa o tom de suas críticas à metodologia kohlberguiana, em relação ao suposto viés masculino que levaria à subestimação de julgamentos morais das mulheres. Se em 1982 escrevera "que a pesquisa atual sustenta as críticas à teoria de Kohlberg que afirmam, que particularmente no nível pós-convencional, esta teoria reflete uma perspectiva masculina ocidental limitada e pode assim estar enviesada contra as mulheres e outros grupos cujas perspectivas morais são de alguma forma diferentes" (1982, grifo meu), quatro anos mais tarde, referindo-se ao balanço de Walker, exposto acima, e respondendo às críticas de historiadoras e psicólogas presentes a um simpósio interdisciplinar, Gilligan recua e diz: "meus críticos reivindicam que não há diferenças de sexo em desenvolvimento moral porque não há diferenças de sexo na escala de Kohlberg. Com isto eles fogem da questão. Meu trabalho enfoca a diferença entre duas orientações morais (...) antes do que a questão de [saber] se mulheres e homens diferem nos estágios de Kohlberg do raciocínio de justiça" (Kerber et al., 1986, p.328).

Afastada essa discussão sobre viés metodológico, as divergências entre Kohlberg e Gilligan diminuem consideravelmente. Como foi visto, Kohlberg admite que a esfera moral inclui considerações de cuidado que vão além das considerações de justiça – ainda que, ao contrário de Gilligan, não extrai disto a existência de…