Universalismo Moral e Relativismo Ético

Portanto, ainda que não possa demonstrar empiricamente a superioridade da moralidade da justiça, uma vez que as descobertas psicológicas relativas aos estágios de desenvolvimento moral não contradizem os fundamentos normativos subjacentes a sua formulação, Kohlberg mantém o postulado de que a inexistência de uma moralidade universal, enquanto fato psicológico, não impede que se possa perseguir, teórica e praticamente, uma moralidade universalizável. Fica evidente o encaixe do cognitivismo piagetiano e da teoria dos estágios de Kohlberg com os princípios normativos formalistas de Kant e Rawls, e com a teoria da ética discursiva, de Habermas, fortalecendo-os internamente e na disputa contra os relativistas.

Como diz Habermas, "até mesmo para um estruturalismo genético que persegue ambiciosas problemáticas universalistas (...) o círculo hermenêutico se fecha no plano metateórico. Aqui, a busca de ‘evidências independentes’ revela-se desprovida de sentido; trata-se apenas de saber se as descrições, que se podem reunir à luz de vários faróis teóricos, podem ser compiladas de modo a compor uma mapa mais ou menos confiável" (1989, p.145).

2. Kohlberg responde a Gilligan

Kohlberg reage às críticas de Gilligan em parte absorvendo-as, em parte rechaçando-as: (1) concorda que a esfera da moralidade é mais ampla que o campo da justiça e (2) admite que se possa aprimorar os instrumentos de coleta e codificação, mas (3) discorda de que homens e mulheres percorram trajetórias diferentes de desenvolvimento moral e (4) contesta com veemência que sua teoria e metodologia carreguem um viés masculino.

Nós admitimos que a ênfase na…