Universalismo Moral e Relativismo Ético

Para Taylor, a perspectiva liberal predominante "no mundo anglo-americano" – "defendida por algumas das melhores mentes filosóficas e legais" dos Estados Unidos, "incluindo John Rawls, Ronald Dworkin, Bruce Ackerman e outros" –, segundo a qual "os direitos individuais devem sempre vir antes, e, junto com precauções não-discriminatórias, devem ter precedência sobre fins coletivos", não tem como responder adequadamente às demandas diferencialistas, na medida em que considera que "a sociedade liberal deve permanecer neutra sobre a boa vida, restringindo-se a assegurar que, não importa como vejam as coisas, os cidadãos tratem uns aos outros de modo justo e o Estado trate todos de modo igual" (idem, p.56-7). Na melhor das hipóteses promove políticas temporárias de ação afirmativa para grupos historicamente desfavorecidos, onde o intuito declarado, ao aumentar sua vantagem competitiva, é trazê-los "de volta a um eventual espaço social ‘cego às diferenças’". Ora, diz Taylor, "algumas das medidas diferencialistas atuais urgentes (...) são, pelo contrário, manter e cultivar distinções, não apenas agora, mas para sempre. Afinal, se estamos preocupados com identidade, há algo mais legítimo que aspirar que ela nunca se perca?" (idem, p.40). É sobretudo nesta questão da sobrevivência das diferentes culturas, entendida em sua radicalidade, como direito a florescer, que o liberalismo da neutralidade mostra sua maior limitação para dar conta das tendências diferencialistas. "Mais e mais…