Universalismo Moral e Relativismo Ético

De modo análogo ao mal-estar de Taylor, que partindo da constatação do atomismo atual, supõe perda e retrocesso onde apenas pode ainda não ter ocorrido avanço, a projeção de Pierucci, partindo da constatação da fragmentação diferencialista atual, parece antever riscos de perda e retrocesso futuros também, como Taylor, pela ausência de uma perspectiva construtivista em sua análise. Isso fica ilustrado na observação que faz ao comparar o desenvolvimento das transformações que atravessaram o movimento e os estudos feministas – da primeira onda igualitarista, à segunda da diferença de gênero e à terceira da multiplicidade, da diferença dentro da diferença – com a trajetória da variável raça: "A seqüência de fases [de um modelo uni-racial ao enfoque bi-racial e, deste, ao multicultural] é simplesmente idêntica às três ‘etapas’ (se é que neste caso se pode falar em etapas) percorridas pelo pensamento feminista (…) Não tem nenhum sentido supor que os sucessivos deslocamentos observados sejam etapas de um processo evolutivo de desenvolvimento, nem tampouco pensar que uma fase substitua a outra. É bem verdade que, à medida que o movimento anda, as diferentes posições que vão-se formando em seu interior se deslocam, se reorganizam e se rearticulam. Sem que uma tome o lugar da outra, fique claro", diz Pierucci, renunciando ao paradigma…