Universalismo Moral e Relativismo Ético

Associado a esse processo, o ideal da autenticidade viria a contribuir para enterrar "decisivamente [aquel]a identificação socialmente derivada", na medida em "que me provoca a descobrir minha forma de ser original" e "isto não pode, por definição, derivar-se socialmente, devendo sim ser gerado internamente" (Taylor, 1994a, p.81). No entanto, como lembra Taylor em outros termos, a formação dessa nova identidade individual – "uma identidade individualizada, que é particular a mim e que eu descubro em mim mesmo" (Taylor, 1994b, p.28) – não pode ser obra de um processo de introspecção em busca de um eu profundo essencializado, como supõe versão superficial e banalizada no senso-comum41: Descobrir minha identidade por mim mesmo não significa que eu a elabore isoladamente, mas que a negocio, por meio do diálogo, em parte aberto, em parte introjetado, com outros. Essa é a razão pela qual o desenvolvimento de um ideal de identidade gerado a partir do interior outorga uma importância nova e crucial ao reconhecimento. Minha própria identidade depende de modo crucial de minha relação dialógica com os outros.

A questão não reside em que esta dependência dos demais tenha surgido com a época da autenticidade. (...) A identidade socialmente determinada dependia por sua própria natureza da sociedade. (...) O problema da identidade interiormente derivada, pessoal e original, é que não desfruta desse reconhecimento a priori. Tem de conquistá-lo por meio do…