Universalismo Moral e Relativismo Ético

Do ponto de vista construtivista, admitindo-se uma filogênese da moralidade, o individualismo e a razão instrumental hegemônicos em nossas sociedades e a inconseqüente delegação de poder às burocracias, predominante na cultura política das democracias ocidentais, antes que um declínio, seriam uma expressão de imaturidade histórica de uma dimensão de individualidade – desde sempre exercida mas só recentemente reconhecida e problematizada em seu potencial de desenvolvimento, por isso moderna – que se explicitou e se universalizou, ao menos como promessa, apenas nos últimos séculos. A censura de Taylor à atitude individualista-instrumental é extremamente pertinente, uma vez que, imersa acriticamente na faticidade do mundo da vida, essa postura corresponde a consciências que se movimentam em um horizonte ora pré-convencional, ora convencional, oscilando entre perspectivas egocêntricas e sociocêntricas, com poucas oportunidades para realizar a vocação ou potencial humano para a autonomia moral37. Ocorre que a perspectiva das moralidades que constituem o nível de julgamento pós-convencional (as orientações do contrato social e do princípio ético universal) sequer se colocava, exceto talvez como um esboço tosco ou ao alcance de uns poucos, no horizonte ético das sociedades do século 17 em que Taylor localiza o início do ‘declínio’ que denuncia, posto que pressupõe instituições políticas e uma concepção…