Universalismo Moral e Relativismo Ético

Em The malaise of modernity, já de 1991, Taylor constata um mal-estar da modernidade que localiza em três fenômenos: um individualismo superficial e atomizado, cuja emergência moderna e forte expansão nas sociedades ocidentais contemporâneas considera decorrência da "dissolução dos horizontes morais"; a primazia da razão instrumental, eclipsando quaisquer fins que não assentados em cálculos de custo-benefício, em geral expressão de interesses particularistas e de curto prazo – ambos, individualismo atomista e hegemonia da razão instrumental, expressões negativas (também teriam havido as positivas) do processo de racionalização crescente das ações e relações sociais que o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) denominara como "desencantamento do mundo", decorrente do desmoronamento da velha ordem e da visão de mundo sacralizada que havia gerado e a sustentava.

E como conseqüência da combinação do individualismo e da razão instrumental, o terceiro fator do mal-estar moderno estaria em duas expressões evidentes da vida política nas sociedades democráticas contemporâneas. De um lado, "uma grande perda de liberdade", uma vez que "as instituições e as estruturas da sociedade tecnológico-industrial limitam rigorosamente nossas opções", não só tornando "difícil manter um estilo de vida individual contra a corrente", como também forçando-nos "a dar à razão instrumental um peso que nunca lhe concederíamos em uma reflexão moral séria" (Taylor, 1994a, p.44). De outro, uma tendência a certa…