Universalismo Moral e Relativismo Ético

Taylor sustenta que "o que a civilização moderna fez, parcialmente sob a influência do direito natural estóico e do cristianismo", foi apenas suspender as "restrições paroquiais" presentes nas civilizações anteriores – a exemplo da exclusão dos escravos da condição de cidadania na Grécia antiga (e das mulheres, deveríamos acrescentar). Esta suspensão, associada "à perspectiva – irresistivelmente plausível, para nós modernos – de que não há distinção defensável a fazer a este respeito entre diferentes classes de seres humanos" (ibidem), teria garantido a naturalidade com que hoje encaramos o valor da igualdade formal e da equivalência moral de toda pessoa humana.

Ora, certamente não é arbitrário que a atribuição universal da personalidade moral seja "uma das mais fundamentais sagacidades da civilização ocidental moderna", nem tão pouco que na origem desse fenômeno encontre-se, como "uma das pré-condições básicas do próprio pensamento moral" (idem, p.131), o reconhecimento e a garantia recíproca do status de agentes morais, entre membros de um grupo, como condição sine qua non da identidade e da vida comunitárias. Se admitirmos (1) que a história humana não está previamente escrita e (2) a ausência de espíritos ou forças transcendentes a dirigi-la, devemos assumir que as escolhas humanas prevalecentes – sejam individuais ou coletivas, pessoais ou institucionais, bem…