Universalismo Moral e Relativismo Ético

Primeiro, tanto Piaget (1977) quanto Kohlberg (1987) esclarecem que o objeto de suas investigações não são as ações morais dos indivíduos, mas os julgamentos ou raciocínios que estes mobilizam para responder efetiva ou hipoteticamente aos conflitos morais com que se deparam (no caso do interrogatório sobre condutas, usado por Piaget) ou aos quais são expostos (dilemas de Kohlberg). O procedimento de deslocarem a análise das condutas em si, para a dos julgamentos que as justificam, tem como conseqüência permitir-lhes a captação das estruturas de julgamento através das quais identificam a perspectiva sócio-moral dos indivíduos.

Isto tem implicação decisiva para a compreensão de uma das conexões possíveis entre as teorias de Kohlberg e Rawls.

Como sustentam evidências empíricas da pesquisa kohlberguiana, enquanto estrutural, a perspectiva sócio-moral define os parâmetros e critérios de julgamento com que cada indivíduo vê, não esta ou aquela conduta própria ou alheia, mas o conjunto das questões que reconhece ou percebe como morais. E aqui não há porque excluir dos objetos dessa percepção o arranjo institucional que ordena a sociedade em que o indivíduo está inserido. Como concede Vita ao defender a teoria rawlsiana da justiça igualitária (ao menos da leitura instigante que dela faz) como uma teoria realista, no sentido de sua exeqüibilidade política:

A estabilidade motivacional de um arranjo…