Anthony de Mello – Um Profeta para o Nosso Tempo

Essa foi a maior novidade que Tony nos tinha reservado. Ele aludiu a ela repetidas vezes, anunciando a cada vez que a resposta final a cada pergunta tinha de esperar pela elucidação desse ponto essencial; dedicou um dia inteiro a explicá-lo até ficar satisfeito, voltou a ele nos dias subseqüentes para dar unidade a tudo o que dissera ao longo do curso com esse ponto simples de suprema importância. Ele o denominou o final do Sadhana, o caminho último para eliminar todos os apegos, todas as ilusões e todos os condicionamentos, a busca tradicional de todos os místicos e a mais elevada realização de todos os santos.

O que ele tinha a dizer era na verdade, muito fácil de exprimir. O eu não existe. O "eu", o "ego", tudo que responda pelo nome de "mim" não passa de ilusão desprovida de qualquer realidade. Não que o meu corpo e a minha alma não existam; eles existem claramente; mas a "pessoa" que se supõe existir por trás, em cima ou dentro do corpo-alma é pura imaginação, uma ficção gratuita, inútil e maléfica da mente. Esse eu imaginário é a causa de todos os nossos problemas; livrar-se dele é libertar-se. Tão fácil assim, antes que ficássemos demasiado confusos ou iludidos, Tony citou as palavras do Senhor a Catarina de Sena: "Eu sou aquele que é; tu és aquela que não é". Eis a verdade que temos de perceber. Não somos. Nós como nós não somos. Eu como eu não sou. Acostumei-me tanto a me ver como eu mesmo que, no início, isso pode não ser fácil. O primeiro passo é compreender com a mente o que isso significa exatamente; depois disso, o passo muito mais importante e muito mais difícil é aceitar, assimilar, perceber…