Capoeira

Acabou-se a escravidão, desenvolveu-se a miscigenação, e a capoeira permaneceu. Foi praticada por mulheres, crianças, mulatos, brancos, negros e até estrangeiros, em lugares e situações diferentes que lhe exigiram formas diferenciadas. É citada junto a episódios da história do Brasil como a invasão holandesa, a guerra do Paraguai e a instauração da República, onde capoeiristas lutaram a favor ou contra idéias de naturezas diversas.

Esta é uma análise mais cuidadosa não só a respeito da capoeira, mas também da transformação e descaracterização de manifestações tradicionais que garantem a sobrevivência de identidades culturais. É preciso ter cuidado com o conceito de aculturação, pois uma mudança aparente pode significar a conservação de uma essência, tendo sido impulsionada muito mais por uma tradição do que por uma descaracterização.

Os capoeiras, até quarenta anos passados, prestavam juramento solene e o lugar escolhido para isso eram as torres das igrejas. As questões de freguesia ou de bairro não os desligavam, quando as circunstâncias exigiam desagravo comum; por exemplo: um senhor, por motivo de capoeiragem, vendia para as fazendas um escravo filiado a qualquer malta; eles reuniam-se…