AIDS

A batalha das patentes

Por ter feito direito a lição de casa, o Brasil envolveu-se nos últimos tempos em um imbróglio internacional que poderá ser resolvido apenas na Organização Mundial do Comércio. Desde 1996, o país fornece gratuitamente às pessoas contaminadas pelo HIV um número selecionado de remédios que estariam de outra forma fora do alcance do bolso da maioria. Apelidado de coquetel, trata-se na verdade de um grupo de 12 medicamentos fabricados originalmente apenas pelos grandes laboratórios multinacionais. Se o Brasil só importasse esses medicamentos, cada doente teria que desembolsar US$ 5,6 mil apenas para manter-se vivo. O programa governamental gasta praticamente a metade desse valor porque investe na produção de genéricos, ou seja, remédios iguais em tudo aos dos grandes laboratórios. Isso é possível no caso de dez integrantes do coquetel. Dois deles, no entanto, fabricados pela Merck Sharp & Dohme e pela Roche, são protegidos pela lei brasileira de patentes. Não por acaso, são os mais caros.

Com essa política única no mundo, o Brasil conseguiu reduzir o número de mortes por Aids em mais de 25% em apenas três anos. Foi citado como exemplo para países africanos, cujos hospitais não conseguem atender nem mesmo as crianças infectadas. Mas…