A Soja em Xeque

A SOJA EM XEQUE

Cautela – substantivo feminino que significa precaução para evitar danos, transtorno ou perigo – virou uma mantra exaustivamente repetido por analistas, dirigentes e agricultores de todo o Brasil nos últimos meses. Afinal, a safra 2004/05 tem inicio com preços em queda, custos em alta, crédito escasso e caro e taxa de cambio abaixo de R$ 3, desfavorável às exportações. Para a soja, então, existe o problema de uma abundante produção norte-americana, estimada pelo USDA em mais de 77 milhões de toneladas e pelo mercado em 80 milhões. Depois de ter anos de evolução da área plantada, que saltou de 37.847 milhões de hectares para 47.431 milhões, com aumento de 25% - período em que a agricultura passou de vilã a redentora da economia brasileira -, o novo cenário traz de volta o conceito de que a produção agrícola é uma atividade cíclica. Está em jogo o protagonismo do agronegócio brasileiro como gerador de superávit comercial, de empregos, de renda e de crescimento econômico.

André Pessoa, sócio da Agroconsult Consultoria Agronômica, por exemplo, estima em apenas 5% o aumento da área brasileira de soja, atingindo 22.123 milhões de hectares. Em Mato Grosso, segundo ele, a expansão deve ser de 8,5% (400 mil hectares) em relação ao ano passado, basicamente sobre áreas de pastagens degradadas. As operações de correção do solo efetuadas no primeiro semestre, prática indispensável na terra antes dominada pela pecuária, demonstram que a decisão de ampliar a área já estava tomada no inicio do ano. Um erro crasso, aos olhos de Fernando Homem…