Participação da Pessoa Humana na Sociedade e na Cultura

Todos sabemos, por experiência histórica, que no exercício desta responsabilidade, o ser humano é frágil e usa mal da sua liberdade, pondo os interesses individuais acima dos interesses comunitários, voltando o seu poder de ação e de decisão contra os outros homens, seus irmãos, ofendendo a sua dignidade. Toda a compreensão cristã da existência e da história tem em conta esta realidade inelutável da fragilidade humana. Ouvimos isso, claramente afirmado, no Evangelho de S. João: "A causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras". A construção histórica da justiça situa-se neste quadro dialético do bem e do mal. Ela é apuramento e discernimento da verdade das situações, defesa e ressarcimento dos inocentes ofendidos, possível recuperação da dignidade dos culpados.

Na reposição da justiça, não está apenas em questão a dignidade do ofendido, mas também a dignidade do culpado, que ele não respeitou, mas que não perdeu, e que é possível reconstruir. A afirmação radical da justiça, na mensagem de Jesus, consiste na possibilidade dos culpados "renascerem de novo". A justiça é caminho para a reconstrução da…