Oriente Médio, Africa do Norte e o Islamismo

TRADIÇÃO MORTAL

Pela quarta vez em 30 anos, os árabes enfrentam a hora da verdade, uma guinada histórica que desta vez lhes é imposta pelo mercado global. Sob muitos aspectos, esta quarta crise é a mais difícil. O primeiro momento da verdade foi a consequência da Guerra dos Seis Dias de 1967, e foi tratado com habilidade. A "Guerra Fria Árabe" entre as repúblicas e as monarquias foi liquidada; seis anos mais tarde foi deflagrado novo conflito, e um hábil "ibn balad" (filho da terra), Anwar al-Sadat, utilizou o veredito daquela guerra para desenredar seu país do cativeiro da política pan-árabe. O Egito chegou a um acordo com o mundo depois de 1973, e então em certa medida a paz predominou entre os árabes. O estridente panarabismo e seu desafio aos regimes governistas moderaram seu teor.
A segunda crise foi a Revolução Iraniana e sua guerra contra a ordem dominante. Os árabes esperavam que a revolução amainasse, trataram de gastar tempo, contrataram o gendarme de Bagdá que se apresentou e ofereceu seus serviços como aquele que colocaria em quarentena o levante teocrático. A estratégia funcionou. O entusiasmo da revolução arrefeceu: uma revolta que não podia oferecer felicidade a seu próprio povo, não poderia exportá-la para outros. Mas a estratégia tinha um preço. O gendarme se tornou afoito.

O terceiro desafio ocorreu quando Saddam Hussein tentou dominar o Golfo em 1990. Olhando retrospectivamente, esta crise acabou tornando-se uma guerra entre um déspota local e o salvador estrangeiro (a Pax Americana). A verdade que surgiu desta guerra, as lições que os árabes deveriam ter tirado dela - o esfacelamento da lenda do arabismo- logo se…