A Religião como Instituição Social

Isto, no entanto não diz tudo sobre religião, pois ao lado do aspecto (predominante) de justificação e abafamento da conflitividade, as religiões (ou setores delas) às vezes assumem uma carga (maior ou menor) de explosividade deslegitimadora da dominação e desestabilizadora da ordem social, que comumente subjaz dormente às mencionadas "demandas de compensação" e só desperta em "condições favoráveis".

Ao falar em "condições favoráveis" que ajudam a despertar para posicionamentos ideológicos transformadores, em religiões, é necessário que atendemos a fatores internos e externos. Podemos dizer que, no limite, dá-se uma combinação fecunda entre um determinado grau de internalização do compromisso religioso carregando dentro de si toda uma insatisfação e busca de caminhos alternativos internos, por um lado e um determinado grau de secularização, rejeição e repressão com relação a certas iniciativas religiosas, por outro lado. Em outras palavras entendemos que, no caso de despertar para uma direção ideológica transformadora, os fatores internos dizem respeito, sobretudo à insatisfação com relação à inadequada elaboração da mensagem religiosa (e sua organização prática) frente a crescentes apelos contra as injustiças e explorações sociais (isto se dá, com mais intensidade, na medida em que a religião é internalizada, ou seja: na medida da adesão pessoal); os fatores externos dizem respeito, sobretudo ao processo de secularização do pensamento dominante ou da conseqüente "dispensa" da mensagem religiosa (e sua…