Em Determinados Casos, a Impresa Influência nas Decisões Jurídicas?

Publicado em 14/09/2006

A imprensa cobre o assassinato de PC Farias com a cenografia que o senador e crítico de mídia Artur da Távola (PSDB-RJ) chama de hiper-realismo, ou "a notícia como espetáculo". A abundância de páginas permite muitos títulos - e é no título que se apregoa a função. O cenário mais exuberante, entre os montados pelos grandes jornais do país, foi, até 30/6/96, o do Jornal do Brasil. Com pelo menos seis jornalistas em Maceió, páginas a mancheias, um selo típico das novelas de TV ("Quem matou PC Farias?"), a cobertura do outrora elegante e comedido JB parece cristalizar a tendência do jornal de desistir de concorrer com O Globo para bater-se com O Dia. O diário carioca, dedicou ao crime muitas manchetes de seis colunas em duas linhas na primeira página — algumas simplórias e baseadas em fontes anônimas, como a de 25/6/96: "Brasília suspeita da versão alagoana para a morte de PC".

O ápice do destempero foi a manchete hiper-realista "Mulher que matou PC foi assassinada por segurança", (29/6/96) baseada numa especulação do médico-legista George Sanguinetti. (Admissível seria: "Legista diz que segurança de PC Farias matou Susana"). Na edição de 30/6/96, com seis páginas para o assunto, uma das nove reportagens do JB começava com essa pérola do mexerico: "Maceió - Uma amiga de Elma Farias contou há dois dias a uma outra amiga da mulher de PC...". A trilha paralela da cobertura, em geral, levou à muita fofoca e invasão de privacidade — como o destaque no noticiário de pessoas vinculadas aos mortos mas aparentemente sem ligação com…

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