Em Defesa da Política

EM DEFESA DA POLÍTICA

Os anos da globalização têm sido tempos de rejeição da política. A espetacularização do consumo como suposto consolo para o lugar vazio dos insaciáveis desejos humanos, a fragilização institucional provocada pelas promessas não cumpridas do liberalismo triunfante, a traição ideológica da pauta socialista. Tudo contribui para um determinado descrédito coletivo quanto às possibilidades da ação política. Se, ao fazer política, disputa-se espaços e governa-se territórios, geri-se paixões e organiza-se interesses, ao empreender-se a defesa da política, é fundamental assumir o compartilhar dos rumos e o coletivo das direções.

 É corrente encontrar no debate político teses cujo pressuposto implícito é o de que a sociedade civil representa um grau mais aprofundado de vivência democrática do que as opções estatais. A esse respeito, minha posição é clara: em sociedades democráticas, a real representação popular está consolidada no Estado nacional e em suas instituições. É claro que ONGs, grupos de pressão, sociedades de bairro, organizações de moradores fazem parte da polifonia de vozes que se entrelaçam na vida cotidiana de uma sociedade democrática. Desempenham um papel fundamental no…