Privatizações no Setor Público

Para a pessoa que perdeu o emprego, especialmente numa ocupação segura que pagava mais do que o setor privado, não faz sentido pensar em compensações macroeconômicas. A única coisa que conta para essa pessoa é voltar ao mercado de trabalho - e isso não é certo. Embora os programas de demissão voluntária, em geral, tenham sido bem dimensionados, houve falhas do governo e dos sindicatos na fase seguinte, a de retreinamento dos demitidos.

Mas, do ponto de vista macroeconômico, houve aspectos muito positivos no nível de emprego. O exemplo mais evidente está no setor de telecomunicações que rendeu US$ 32 bilhões dos US$ 100 bilhões obtidos com as privatizações dos últimos dez anos.

Todas as companhias telefônicas que existiam como estatais sofreram forte redução de pessoal. Mas o emprego cresceu no setor. Primeiro, com o nascimento de uma novíssima indústria de celulares, estações e redes de comunicações e centrais telefônicas. Depois, com o nascimento de novas empresas - as "espelhos" e as que operam novas bandas de celulares - e, finalmente, com o surgimento de empresas de serviços que absorveram boa parte da mão-de-obra liberada pelas estatais.

Isso responde à primeira crítica, a questão do desemprego.

A segunda - o endividamento cresceu, apesar de o Estado ter vendido patrimônio - é de uma pobreza mental lastimável. A formulação é, em resumo, a seguinte: o Estado recebeu US$ 100 bilhões, pagou dívida com isso, e a dívida pública hoje é maior do que quando se iniciou a privatização.

De novo, o fato é verdadeiro, mas o que isso prova?

Apenas que, sem privatização, a dívida…