Plano Real

A apreciação da taxa de câmbio, por um lado, proporcionou uma ajuda inestimável à estabilização e, por outro, eliminou uma subvalorização cambial própria de todas as hiperinflações e assim a retirava do seu papel histórico de acobertar a ineficiência e a incompetência da produção nacional em muitos setores.

Como a apreciação parecia não ter fim, o BC estabeleceu um piso para a taxa de câmbio, a uma certa altura, fazendo intervenções, evitando que o dólar fosse mais para baixo do que já tinha ido. Na crise do México, foi muito bem recebido a intervenção do Banco Central, no sentido de colocar um teto para a taxa de câmbio. Adotou-se aqui o regime de bandas que a Europa experimentou várias vezes e de muitas formas.

Ao longo do tempo, as regras foram se tornando mais explícitas dando oportunidade para a construção de um meio termo entre o que o regime devia ter: de um lado devia salvaguardar o fato de o câmbio refletir fundamentos da economia, porque aí estava o segredo da ligação entre reformas e regime cambial, política e regime cambial. De outro, a noção da "âncora", ou seja, havia uma rigidez em forçar o país na direção do equilíbrio fiscal e das reformas modernizantes.

Portanto, era difícil desenhar um meio termo entre a rigidez que faz o sistema político se mover na direção correta e a flexibilidade que é necessária para os mercados funcionarem melhor, para que os fundamentos sejam bem refletidos. O Brasil era um caso único entre México e Argentina, um caso intermediário curioso.

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